terça-feira, 16 de junho de 2009

Níveis de Mudanças

Passando pelo histórico das personagens femininas nas histórias em quadrinhos, fica clara a percepção de que houve mudança no retrato dessas figuras ao longo dos anos. A mudança se encontra no nível comportamental, ou mais claramente, a idéia de que as mudanças dos padrões conduzidos no nível da sociedade influem no conteúdo das personagens retratadas dentro das HQs, como um “espelho” da realidade em que está inserida. Dessa forma as mudanças vão ocorrendo em paralelo com o real. Assim temos a figura das donzelas desamparadas que esperam por seu herói surgindo na década de 1930 (delineando as características do que seria considerado um padrão feminino na época) e o aparecimento em maior número de super-heroínas mulheres no período correspondente ao da Segunda Guerra Mundial (indicando a força feminina que ficou no país dando apoio aos soldados que partiram para a batalha). Todas essas mudanças no retrato das personagens montam relações com o momento histórico em que foram produzidas. Assim se o que encontramos nas páginas das histórias em quadrinhos nos dias de hoje são personagens femininas que em nada ou pouco se assemelham com as figuras de 50 anos atrás, isso só comprova a mudança dos padrões comportamentais de nossa sociedade. Com a década de 1960 vieram personagens muito mais independentes, seguras de si e liberais, e até hoje essa representação da figura feminina só teve como tendência se radicalizar. O que encontramos nas HQs atuais é o sucesso de uma classe de mulheres com características que até por vezes seriam consideradas um tanto quanto masculinas: seriedade, agressividade, pouco sentimentalismo, dentre outras. Seguindo a lógica até agora colocada, este seria talvez então o perfil da figura feminina do início do século XXI (claro que em suas devidas proporções, pois a realidade e a ficção das HQs ainda não constituem um paralelismo tão grande – ninguém tromba com mulheres combatendo o crime em roupas apertadas no meio da noite por exemplo). Assim chegamos à conclusão de uma mulher aparentemente mais agressiva e “fria” em suas relações.

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