sexta-feira, 15 de maio de 2009

Histórico Feminino nos HQs:

Essa arte com mais de cem anos não contou desde sempre com a participação das heroínas que conhecemos hoje. Nos primeiros anos das histórias em quadrinhos não existiam protagonistas femininas nas publicações. O primeiro local onde a figura da mulher aparece, pelo menos de forma coadjuvante, é no que foram denominadas as Family Strips (tiras familiares), que como o nome já diz, apresentavam temáticas centradas na família ( e que eram protagonizadas em sua maioria por homens ou crianças). Em 1912, Cliff Sterrett cria a primeira personagem feminina que podemos considerar de certa importância na história dos quadrinhos – Polly. “Positive Polly” ou “Polly and her Pals” como iria se chamar algum tempo depois, incluía-se na esfera das family strips com narrativas de um núcleo familiar, mas que como diferencial tinham em seu centro de atenção a figura de Polly e suas atitudes consideradas rebeldes na época perto do autoritarismo dos pais. A partir daí e principalmente no período de fim e pós-I Guerra Mundial, surgem diversas outras figuras femininas protagonizando quadrinhos, sendo de certa forma um espelho do que ocorria no social onde a mulher americana participava mais da vida pública e começava a ser mais utilizada como mão-de-obra.

Nesse contexto aparecem as Girl Strips (tiras femininas) totalmente lideradas pelas figuras de mulheres e que nessa altura já podem mostrar um pouco de sensualidade em seu retrato. Mulheres menos passivas, maliciosas, com alguns decotes e pernas de fora traziam uma leve erotização à representação feminina nos quadrinhos.


Com início da década de 1920 e os diversos sindicatos a favor da moral e bons costumes, a indústria do entretenimento como um geral sofreu com o processo de censura. As diferentes ligas de decência e religiosas eram contra as produções mais sensacionalistas e erotizadas e assim o conteúdo de algumas histórias (principalmente das Girl Strips) era barrado ou sofria pressões por meio dos distribuidores e produtores. Com a censura em cima das garotas sensuais, a figura das mulheres como personagens principais encontra um empecilho e o gênero feminino volta a não ser tão presente nas páginas dos quadrinhos.

A partir da década de 1930 iniciam-se as histórias de aventura lideradas por heróis. É nesse momento que as mulheres começam a reaparecer de forma mais expressiva nas narrativas, principalmente no papel das “eternas namoradas” (Lois Lane, Mary Jane) que sofriam nas mãos dos mais fantasiosos vilões, mas acabavam sempre sendo salvas por seus respectivos mocinhos. Até meados da década de 1950 as histórias de aventuras só se intensificaram e além das noivas de super-heróis como já citadas, surge um tipo de personagem feminina mais interessada na ação (Sheena, Mulher-Maravilha, Princesa Narda, Miss masque, loura fantasma, dentre muitas outras). Nesse momento as imagens já apresentavam um maior nível de erotização, mas nada comparado com o que estaria por vir.

Durante a década de 1960 o mundo passava por uma verdadeira revolução comportamental. O movimento feminista ganhava força com bandeiras como a maior participação política da mulher, o uso da pílula (trazendo novo sentido à vida sexual) e a maior emancipação e liberdade da imagem tradicionalista até aquele momento coordenando o comportamento do gênero em questão. O reflexo desse período aparece nos quadrinhos com personagens muito mais liberais e independentes e o surgimento de uma nova categoria dentro do mundo das HQs – os Quadrinhos Eróticos.

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